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Interpretação dos sonhos Psicanálise

SONHOS SÃO MANIFESTAÇÕES DO DIVINO OU SIMPLISMENTE DESEJOS?

Na idade pré-histórica, os sonhos eram considerados algo proveniente do divino. Os homens dessa época acreditavam que os sonhos eram demandas dos deuses, que continham revelações do divino ou relações demoníacas. Sim, os sonhos têm formas de interpretações psíquicas e não são revelações vindas do divino, nem são enviados ao sujeito com a função de adivinhar o futuro. O criador da psicanalise Freud (1900) observou que existem técnicas psicológicas possíveis de interpretação dos sonhos, e quando essas técnicas são utilizadas, todo o sonho torna-se uma revelação da estrutura psíquica.

Para Freud, os sonhos de acontecimentos ruins e angustiantes não se repetem. Quando o sujeito está com sua mente estressada, angustiado ou triste, o sonho terá o poder de libertar o sujeito desse estado, entrando em sintonia com o espírito e transformando essa realidade em símbolos.

Segundo Freud (1900), o material dos sonhos tem sua origem da realidade, por exemplo: um estranho que passou despercebido na rua, o fato ocorrido pode se tornar material para um sonho. Os sonhos são lembranças de momentos que o sujeito vivenciou durante a vida e que não tiveram significância, dessa forma, sendo recalcados pelo inconsciente. O sonho tem o poder de reviver momentos do primeiro ano de vida do indivíduo.

O sonho é movido por quatro tipos de fontes sensoriais:

  1. Excitação sensorial externa: todo ruído externo provoca imagens onírica durante o sono, como por exemplo uma trovoada pode se tornar responsável por um sonho com guerra.
  2. Excitação sensorial interna: as produções de ilusões ocorridas nos sonhos, são provocadas por sensações visuais e auditivas subjetivas, produzidas através de vozes familiares que geram zumbidos aos ouvidos e por luminosidades na retina durante o período do sono.
  3. Estímulos somáticos orgânicos: são fontes do sonho vindos de dentro do organismo. Segundo Freud (1900), se algum órgão está doente, podemos sentir durante os sonhos. Exemplo: uma pessoa que está com um problema pulmonar pode sonhar que está sendo asfixiada e acordar com falta de ar.
  4. Fontes psíquicas de estimulação: os sonhos são estimulados por fontes psíquicas. Não há surpresa que as estimulações dos sonhos venham de estímulos mentais.

É muito comum ao acordar, esquecer do que foi sonhado durante o período noturno. No decorrer da manhã os sonhos vão se desvaindo do pensamento, e durante o dia, é muito comum ouvir das pessoas que sabem o que sonharam, mas não tem a noção do que foi sonhado. Isso significa que as sensações e percepções foram fracas de mais ou que a excitação mental ligada a ela foi muito pequena. O mesmo se dá quando as sensações oníricas são esquecidas por serem fracas demais, já as adjacentes por estarem mais fortes serão recordadas.

Durante o período que o indivíduo está adormecido, tem-se a sensação que o consciente está silencioso, pelo motivo que durante o sono, o sujeito não sente nenhuma piedade, podendo cometer qualquer tipo de crime e não sentir nenhum remorso. O sujeito pode acabar por ver pessoas que ele julga como morais e respeitadas, cometendo atitudes horríveis que acabam por deixar o sonhador horrorizado. No sonho acaba-se por descobrir toda a verdade. O sujeito encontra em seu período de sono, o seu verdadeiro eu, sem os disfarces que são usados perante o mundo.

Os sonhos não são nada além do que desejos, quando se sonha há uma realização de desejo. Observa-se que o desprazer é muito comum nos sonhos e pode considerar os sonhos desprazeroso como satisfação de desejo. Exemplo: os praticantes de masoquismo mental, são aqueles que encontram prazer não na dor física, mas na dor mental, que se torturam com atos de humilhações. Esses sujeitos podem ter sonhos desprazerósos com o intuito de satisfação. O desprazer não nega um desejo. As pessoas têm desejos que não querem revelar, que muitas vezes não são revelados nem para elas mesmas.

Considera-se o desprazer nos sonhos como uma forma de censurar o desejo, assim distorcendo os sonhos e o tornando irreconhecível, por motivos da repugnância e vergonha que o sujeito tem dos próprios desejos. Segundo Kuss (2015) o desejo é o que nos inaugura como seres humanos, como seres sexuais e assim nos diferenciando dos animais. O desejo é a falta, há falta de algo que o sonhador deseja. Conclua-se que os sonhos são manifestações de desejo, o desejo é a falta, que por fim gerando angustias. Esses sonhos passam a se tornar desprazerosos, distorcidos como forma de censurar os desejos que afligem a moral do sonhador.

REFERENCIAS:

KUSS, Ana Suy (2015). Amor, desejo e psicanálise. Curitiba: juruá.

FREUD, S. (1900). interpretação do sonhos volume 4. Rio de janeiro. Imago.

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