Categorias
Psicanálise

Para além do dedo podre: uma visão psicanalítica

Em meio a clínica analítica é muito recorrente a queixa sobre dificuldade de encontrar o parceiro ideal. Durante os discursos que tem como intenção a descrição das características dos parceiros é comum o analisando percebe que as companheiras que se relaciona tem comportamentos em comum, através dessa observação é comum de ser ouvir a famosa frase: eu tenho dedo podre. É uma frase muito comum usada por sujeito, que relatam sobre uma suposta dificuldade de encontrar o seu ideal de namorado.

Na psicanálise o dedo podre é visto através do complexo de édipo, segundo Penha (2002), é o desejo sexual que a criança tem sobre os pais, que durante a fase adulta irá procura característica desse pai ou mãe num outro que irá tornar um suposto marido, ou esposa. Segundo Freud (1905), o homem procura na mulher a imagem mnêmica da mãe, que foi o sexo feminino que esteve presente e saciar seus desejos durante todo o seu desenvolvimento. Quando esse sujeito se torna homem passa a procura essa falta deixada pela mãe, numa outra mulher que relembre a imagem.

Segundo kuss(2015) a relação e o convívio que os pais têm em meio ao ambiente familiar é muito importante durante o desenvolvimento da criança. Quando a pessoa cresce em meio a um ambiente violento, com pais ciumentos, onde há agressões verbais e físicas entre os cônjuges, tornando-se um jovem adulto irá repetir suas vivências do período infantil, se o pai batia na mãe, poderá também agredir sua esposa, se era muito frequente o ciúme entre os pais, poderá ter uma certa insegurança com a esposa. Na questão do dedo podre observam-se as queixas de mulheres que sofrem agressões de seus companheiros, separam desses maridos e acabam se relacionando com outros homens que também agredi e são mulheres que vivenciaram violência domésticas durante a infância.

Através da busca pelo amor o sujeito procura uma suposta felicidade que foi vivenciada durante a infância, onde as suas necessidades eram supridas. Segundo kuss (2015), procuramos no outro uma completude que é a satisfação. O amor é uma dependência! Depende-se do outro para que possa se sentir completo e satisfeitos. As pessoas que vivem a síndrome do dedo podre, saem em busca dessa completude se deslocando de objeto em objeto, na procura do relacionamento ideal (completude).

O’Que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância, durante a qual ele mesmo era seu próprio ideal (FREUD 1914 P. 101).

O Narcisismo perdido na infância que transformava o sujeito em seu próprio ideal é uma representação do amor dos pais com seus filhos. Um bebê quando nasce em meio ao contexto familiar, acaba sendo um depósito de desejos dos pais, é muito comum ouvir no discurso de um pai ou mãe: tudo que não conquistei na idade de meu filho irei conquistar para ele. O narcisismo transferido para o filho é o próprio dos pais, transformando essa relação num amor objetal.

Conclua-se que a síndrome do dedo podre é um deslocamento de objeto, onde o sujeito sai em busca de um amor que complete a sua falta. Esse vazio é representado através do amor materno que foi um simbólico de objeto de sustentação de prazer durante a infância, no decorrer dessa busca o sujeito falante que se sente faltante acaba encontrando nesse outro o comportamento semelhante ao da mãe e semelhante também a do outro relacionamento que acabou sendo frustrado. O jovem adulto sai em busca desse relacionamento ideal que irá completar o que falta, mas há existência desse ideal?  O amor só se torna ideal quando o sujeito renunciar o seu desejo de ser amado incondicionalmente e completado por alguém e passar a ser o ideal desse outro.

REFERENCIAS:

KUSS, Ana Suy (2015). Amor, desejo e psicanalise. Curitiba. Juruá.

  Freud S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: imago.

  Freud S. (1914/1996). Sobre o narcisismo: uma introdução. Rio de janeiro: imago.

Penha Diego (2002). Teoria de freud descobrimento do inconsciente. Discovery publicações são Paulo.

Uma resposta em “Para além do dedo podre: uma visão psicanalítica”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *