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Psicanálise

Depressão pós-parto

É comum em meio as mulheres expressões: nasce um bebê também nasce uma mãe. Apresentando que toda a mulher nasceu para ser mãe, uma frase incorreta em meio ao contexto social, impondo uma exigência do ser mãe. Segundo Moraes Crepoldi (2011), uma mulher não nasce mãe e sim torna-se uma mãe. Em meio a sociedade, temos um imaginário materno estereotipado e romantizado. Apresentando o maternal sereno, tranquilo, amigável, acolhedor, compreensível, um sujeito capaz de suportar os piores sacrifícios.

Segundo Moraes Crepoldi (2011), a função materna é referência do inconsciente, uma demanda vinda da bagagem histórica de cada sujeito, tendo aspectos do desenvolvimento apresentando conflitos psicológicos. Nos primeiros anos de vida da criança, a mãe projeta a sua infância, revivendo momentos de afetos ou falta de afetos que foram vivenciados com a mãe da mãe.

Quando um casal estiver na espera de um bebê, há uma espera do filho ideal. Segundo Kuss (2015), os pais depositam nos seus filhos todos os seus desejos que não foram concebidos, quando nasce o filho real, os genitores sentem um sentimento de perda do filho ideal. Durante uma gestação a mãe alimenta inúmeras fantasias sobre o seu bebê e quando se depara com o real da maternidade apresenta um sentimento de angústia e frustração, podendo aderir um quadro de depressão pós-parto.  

Segundo Oliveira (2008), 80% das mulheres apresentam um quadro de depressão pós-parto, se caracteriza por comportamentos emotivos, tristeza súbita, irritabilidade, cansaço e sentimento de apatia pelo bebê, podendo ocorrer num período do quinto dia após o parto. Segundo Moraes Crepoldi (2011), as causas da depressão pós-parto são variáveis como, por exemplo problemas hormonais pelo fim da gravidez e o estresse do parto. Mas a principal causa é a desordem do ego materno, quando uma criança nasce há um fim de um ciclo e o início de outro na vida de uma mulher, esse sujeito deixa de ser uma filha tornando-se uma mãe, essa situação acarreta uma modificação na dinâmica de vida.

Segundo Moraes Crepoldi (2011), questões socioeconômicas, dificuldade no âmbito familiar, gravidez não planejadas, mães solteiras, vivencias negativas durante o período gestacional, são fatores que podem também influenciar na DPP. Uma mãe de primeira viagem percebe seu filho como uma exigência e apresenta um sentimento de incapacidade para poder sustentar aquele novo papel. O sujeito que apresenta a DPP, ele se demonstra sem força para lidar com as exigências da maternidade.

Conclui que a depressão pós-parto é a dificuldade de a mulher lidar com a maternidade e tem origens intrapsíquicos, podendo haver agravamentos em decorrências do ambiente onde está inserida, afetando também o desenvolvimento da criança, por motivos de haver uma impossibilidade da relação mãe e bebê. As mamães de primeira viagem dificilmente procuram ajudas, por motivos de haver uma vergonha em decorrências das exigências da sociedade sobre a mulher e seu papel dela como mãe. O período pós-parto deve haver um acolhimento da família, sobre aquela mais nova mãe e escutar os seus sentimentos sobre a nova experiência que estar sendo vivenciado. Mas quando a um agravamento no sofrimento desse sujeito levando a uma DPP, só o acolhimento familiar não irá sustentar. A psicoterapia psicanalítica é um espaço de escuta, resgatando momentos importantes da gravidez e o pós-parto, onde a mãe que sofre com DPP, poderá lidar som suas angústias, conflitos, auxiliando na demanda da maternidade.

Referencias

Oliveira s. (2008). Maternidade e depressão: impacto da trajetória de desenvolvimento. Revista Psicologia em Estudo, v.13, n.3

Morares m.h crepoldi m.a (2011). A clinica da depressão pós-parto. Mudanças – Psicologia da Saúde, 19 (1-2), Jan-Dez 2011

KUSS, Ana Suy (2015). Amor, desejo e psicanalise. Curitiba. Juruá.

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