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Psicanálise

As marcas inscritas no corpo pelas tatuagens

As tatuagens têm sua origem em 1769, quando o capitão James Cook desembarcou no Taiti e encontrou o Tatau, era o movimento que a tribo fazia para marcarem seus corpos com tinta perfurando a pele, atualmente chama-se essa ação de tatuagens. As tattoo, são muito utilizadas para o embelezamento do corpo, há algum tempo eram usadas como formas de marcarem grupos marginalizados, sendo também como forma de comunicação entre os presos de facções criminosas cada tatuagem tem como simbólico o crime cometido.

Segundo Sampaio Pinto (2019), a tatuagem tem como objetivo uma inscrição do simbólico no corpo com o propósito de conquistar o olhar do outro. As tatuagens são executadas através de um aparelho nomeado como máquina de pintura ou colorização, que é composta por uma agulha que irá produzir agulhadas no corpo do sujeito com objetivo de produzir uma pintura. O movimento produzido pela máquina de colorização causa um certo desprazer (dor). Segundo o mesmo autor, o desconforto ocasionado pela produção da tatuagem é uma forma de o sujeito conhecer a sua existência e que assim o outro também o reconheça.

Os desenhos que são inscritos na pele, são conhecidos na psicanálise como marcas, por motivos de serem as marcas que iram capturar o olhar do outro. Através das tatuagens os sujeitos usam o corpo como zonas libidinais, entrando numa repetição, com o propósito de conquistar o olhar do outro, tendo como um objetivo de resgatar a falta, que é o objeto de desejo que foi perdido na infância. Segundo Kuss(2015), o desejo se funda na perda do objeto, através da perda o sujeito entra numa relação contínua com a insatisfação. Insatisfeito o sujeito vai em busca de novos objetos para que assim possa se satisfazer, em relação às tatuagens ela tem como forma de satisfazer o sujeito. O desprazer ocasionado pela máquina de colorização gera também um prazer no sujeito.

Segundo Freud (1915) as sensações de dor e desprazer, provocam no sujeito uma excitação sexual, produzindo um prazer. É muito comum observar amantes de tatuagens relatar que a dor ocasionada pelo ato da produção da tatto ocasiona um prazer, tornando um vício. O tatuado se inscreve e reescreve, marca-se repetidamente como forma de amparar a sua dor e nunca encontrar o objeto perdido, mas sim obtenção de prazer.

Segundo Sampaio Pinto (2019), o ciclo interminável da incompletude, tem como objetivo o resgate do olhar do outro, demonstra um narcisismo do sujeito, que estar numa busca constante do outro para que ele possa satisfazer o seu desejo e completar o que falta, a perda idealizada sustentada pelo olhar dos pais.

Conclua-se que o vício ocasionado pelas tatuagens tem como objetivo de eliminar a angústia do sujeito, ocasionado pela falta do objeto perdido na infância. Segundo

kuss(2015), através da falta o sujeito deseja falar, com as tatuagens observam-se que não a necessidade da linguagem para poder se expressar. Ele afirma a sua existência através das marcas desenhadas no seu corpo, que tem como simbólico o objeto de desejo perdido.

REFERENCIAS:

 FREUD, S. “As pulsões e seus destinos (1915)”. In: Obras Completas, v 12. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p 51-81.

SAMPAIO N.C, PINTO P.J (2019). A UTILIZAÇAO DA TATUAGEN COMO IMPOSSIBILIDADE DE SIMBOLIZAÇAO: UM OLHAR PSICANALITICO.

KUSS, Ana Suy (2015). Amor, desejo e psicanalise. Curitiba. Juruá.

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